(re) inventar a indústria

O Brasil, um país, agora emergente, é um caso no mínimo curioso dentro do cenário automotivo mundial. Só aqui temos carros com mais de 50 anos sendo produzidos, como a longeva Kombi, a velha senhora cuja forma remete a um pão de forma. E o que dizer do Uno? Agora chamado de Milli, já está por aqui, rodando por este pais a pelo menos 30 anos. Brasil, um pais onde projetos dos anos 90 são vendidos como novos, e vendem como pão quente. É curioso parar para pensar como aceitamos, desde o início da entrada das transacionais, produtos "sucateados", de segunda linha, que já não são mais vendidos no resto do mundo. O sedã mais vendido em nosso mercado é um projeto da Opel dos anos 90! Um projeto de quase 20 anos, e ainda por cima vendido por preços altos. E a Kombi? 60 anos nas costas e é vendida na versão mais barata por 43 mil reais. Sim, um carro de 60 anos, sem direção hidráulica, sem ar condicionado, sem Airbags e ABS, sem segurança e conforto algum consegue vender espantosas 2.500 unidades por mês. É espantoso. Pior ainda é fazer um carro novo em cima de uma base com quase 20 anos, como é o caso do Agile da Chevrolet, que foi projetado usando a plataforma do Classic e do primeiro Corsa vendido por aqui. Chegamos a um ponto crucial, 2014 está aí, e de 2014 em diante todos os carros serão obrigados a virem com Airbag duplo e com ABS. Quem pensa que é o fim da linha para alguns modelos está completamente enganado, tomemos novamente o exemplo da Kombi, enquanto estamos nos preparando para receber uma Copa, os engenheiros da Volkswagen, em Wolfsburg trabalham para criar uma maneira de instalar Aibags e ABS na Kombi! Sim, a matriz está se empenhando para conseguir essa façanha. Baseado nesse esforço, imaginem o quanto uma Kombi gera de lucro para a VW. Imaginem o quanto o Classic gera de lucro pra Chevrolet, quanto o Uno enche os cofres da Fiat... E, antes de finalizar há mais um caso curioso no Brasil, anos atrás a Ford precisava lançar uma nova geração do Ka, mas preferiram não gastar para produzir o modelo europeu por aqui, então fizeram uma nova geração usando grande parte das peças da antiga, inclusive as portas. Brasil, uma ironia do destino.

Abaixo, fotos da Kombi sendo montada em 2011 e em 1950.